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Sistema Orgânico de Produção de Manga para a Região da Chapada Diamantina, Bahia
Sumário
- Apresentação
- Aspectos socioeconômicos
- Exigências climáticas
- Preparo e manejo do solo
- Calagem e adubação
- Variedades
- Produção de mudas
- Implantação do pomar
- Irrigação
- Práticas culturais
- Manejo de doenças
- Manejo de pragas
- Manejo na colheita e pós-colheita
- Mercado e comercialização
- Coeficientes técnicos e rentabilidade
- Referências
- Glossário
Variedades
Nelson Fonseca
Considerando os grandes investimentos necessários para a implantação de um pomar de mangueiras e que, só a partir do terceiro ano, tem início a produção econômica, cuidados especiais devem ser tomados na escolha das variedades porta-enxertos e copas, a fim de evitar sérios prejuízos. Deve-se levar em consideração a sua adaptabilidade às características de solo e de clima da região onde será instalado o pomar e sua adequação ao mercado consumidor.
A Embrapa Mandioca e Fruticultura, em parceria com a Empresa Bioenergia Orgânicos Ltda., vem avaliando, em cultivo de sistema orgânico, 23 variedades de mangueira (Amrapali, Ataulfo, Beta, Carlotão, Carlotinha, CPAC 165/93, Espada, Favo de Mel, Haden, Heidi, Imperial, Itiúba, Joa, Juazeiro 2, Mallika, Palmer, Papo de Peru 1, Roxa Embrapa 141, Santa Alexandrina, Surpresa, Tommy Atkins, Ubá e Van Dyke), todas sob o porta-enxerto da variedade Espada. Este estudo está sendo realizado no município de Lençóis, na Chapada Diamantina, Bahia, com o objetivo principal de produzir mangas para processamento. As variedades de manga Ubá e Palmer adaptaram-se bem na região, com produção de frutos de qualidade nesse sistema de cultivo, e estão sendo recomendadas.
A manga ‘Ubá’ é originária da cidade de Ubá, Minas Gerais, sendo uma planta vigorosa, de copa arredondada e densa. Naquela região, apresentou produção regular, produzindo acima de 18 t/ha no quinto ano de cultivo (Tabela 1). O fruto é oblongo-oval, casca amarela quando maduro, comprimento de 6,5 cm, largura de 5,0 cm, espessura de 4,6 cm e massa média de 105 g (Figura 1). A polpa é amarela, saborosa, com fibras curtas e macias. O teor médio de sólidos solúveis é de 22 oBrix e a acidez média da polpa de 0,28% de ácido cítrico (Tabela 2). A semente é predominantemente poliembriônica (mais de um embrião) e representa 16% da massa total do fruto. O fruto pode ser consumido ao natural, mas é muito utilizado na indústria, especialmente para produção de suco.
Tabela 1. Características agronômicas da manga ‘Ubá’, obtidas em três anos de colheita (safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017), em sistema orgânico de produção. Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia.
Características agronômica | Terceiro ano | Quarto ano | Quinto ano |
Altura da planta (m) | 2,5 | 3,0 | 3,3 |
Diâmetro da copa (m) | 2,7 | 3,3 | 3,7 |
Número de frutos por planta | 400 | 500 | 700 |
Produção por planta (kg) | 42 | 52,5 | 73,5 |
Produtividade* (t/ha) | 10,5 | 13,1 | 18,4 |
*Espaçamento 8 m x 5 m. Uma provável estabilização da produção, no sistema orgânico, está sendo esperada a partir do sexto ano, estimada em 20 t/ha a 25 t/ha.
Foto: Nelson Fonseca

Figura 1. Frutos de manga da variedade Ubá.
Tabela 2. Características físico-químicas dos frutos de manga ‘Ubá’ e ‘Palmer’, produzidas em sistema orgânico (safra 2016/2017). Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia.
Característica físico-química | Manga ‘Ubá’ | Manga ‘Palmer’ |
Massa média do fruto (g) | 105 | 470 |
Massa da casca (g) | 21 | 79 |
Massa da semente (g) | 17 | 58 |
Porcentagem de polpa (%) | 64 | 71 |
Acidez titulável (% de ácido cítrico) | 0,28 | 0,12 |
Sólidos solúveis (oBrix) | 22 | 19,8 |
Relação sólidos solúveis/acidez titulável | 78,5 | 165 |
pH da polpa | 4,2 | 4,8 |
A manga ‘Palmer’ é originária na Flórida, Estados Unidos, de parentais desconhecidos, e foi introduzida no Brasil em 1960. A planta possui copa piramidal e aberta, apresentando produção regular, produzindo em torno de 20 t/ha no quinto ano de cultivo (Tabela 3). O fruto é alongado, casca verde arroxeada quando imaturos (Figura 2), tornando-se avermelhado-escuro quando maduros, comprimento de 12,5 cm, largura de 8,2 cm, espessura de 7,2 cm e massa média de 470 g (Tabela 7). A polpa é amarela, firme, saborosa, sem fibras, com teor médio de sólidos solúveis de 19,8 oBrix e acidez titulável média de 0,12% de ácido cítrico. A semente é comprida, monoembriônica (um embrião), e representa 12% do massa total do fruto. Na variedade, ocorre baixa incidência de colapso interno do fruto (amolecimento e desintegração da polpa) e possui baixa resistência à malformação floral. O fruto geralmente é consumido ao natural, mas tem potencial para o processamento.
Tabela 3. Características agronômicas da manga ‘Palmer’, obtidas em três anos de colheita (safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017), em sistema orgânico de produção. Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia.
Característica agronômica | Terceiro ano | Quarto ano | Quinto ano |
Altura da planta (m) | 2,8 | 3,3 | 3,8 |
Diâmetro da copa (m) | 2,6 | 3,1 | 3,8 |
Número de frutos por planta | 20 | 100 | 169 |
Produção por planta (kg) | 9,4 | 47 | 79 |
Produtividade* (t/ha) | 2,4 | 11,7 | 19,7 |
*Espaçamento 8 m x 5 m. Provável estabilização da produção, no sistema orgânico, está sendo esperada a partir do sexto ano, estimada em 20 t/ha a 25 t/ha.
Foto: Nelson Fonseca

Figura 2. Frutos de manga da variedade Palmer.
Outras variedades vêm sendo avaliadas e mostraram boa adaptação à região e ao sistema orgânico, com amplas possibilidades de recomendação, por exemplo, a Joa (Figura 3), a Roxa Embrapa 141 (Figura 4), a Favo de Mel (Figura 5), a Tommy Atkins (Figura 6) e a Surpresa (Figura 7), todas com sementes monoembriônicas. O objetivo é ter um conjunto de variedades entre precoces, médias e tardias (Tabela 9), capazes de ampliar o período de colheita dos produtores.
Foto: Nelson Fonseca

Figura 3. Frutos de manga da variedade Joa. Frutos alongados de casca vermelha e massa média de 277 g.
Foto: Nelson Fonseca
Figura 4. Frutos de manga da variedade Roxa Embrapa 141. Frutos arredondados, casca avermelhada e massa média de 283 g.
Foto: Nelson Fonseca
Figura 5. Frutos de manga da variedade Favo de Mel. Frutos arredondados, casca verde amarela com traços róseos e massa média de 320 g.
Foto: Nelson Fonseca
Figura 6. Frutos de manga da variedade Tommy Atkins. Frutos oblíquos ovais, casca espessa de cor vermelha a intensa púrpura, e massa média de 461 g.
Foto: Nelson Fonseca
Figura 7. Frutos de manga da variedade Surpresa. Frutos alongados, casca lisa e amarelada quando madura, massa média de 450 g.
O período de colheita dos frutos da mangueira é dependente da variedade. Assim, existem variedades precoces, medianas e tardias. Isso é um aspecto importante para o produtor, que pode escolher e plantar variedades que lhe propiciem um período maior de colheita durante o ano. Em geral, a variedade Ubá inicia o período de colheita em outubro, com pico de produção entre dezembro e janeiro, finalizando em fevereiro. A variedade Palmer inicia o período de colheita em janeiro, com pico de produção em fevereiro, finalizando em março. As variedades Roxa Embrapa 141 e Tommy Atkins possuem colheita mediana, as variedades Joa e Favo de Mel possuem colheita mediana à tardia, e a Surpresa é a mais tardia (Tabela 4). Um espectro de variedades com essas características seria o ideal, especialmente para a indústria.
Tabela 4. Características da produção e do período de colheita das variedades de mangueira cultivadas em sistema orgânico de produção. Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia.
Variedade | Produção | Período de colheita |
Ubá | Precoce à mediana | Outubro a fevereiro |
Palmer | Tardia | Janeiro a março |
Joa | Mediana à tardia | Dezembro a março |
Roxa Embrapa 141 | Mediana | Novembro a fevereiro |
Favo de Mel | Mediana à tardia | Novembro a março |
Tommy Atkins | Mediana | Dezembro a fevereiro |
Surpresa | Tardia | Janeiro a março |
Link Edição Portlet
- Embrapa Mandioca e Fruticultura
- Sistema de Produção, 49
- ISSN 1678-8796
Jan/2020
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